O fim de uma década entre o digital e o papel

Entre o primeiro e o segundo trimestre de 2010, iniciamos o desenvolvimento de uma ideia, a nossa ideia! Queríamos criar um espaço comum para juntar sites e blogs, onde pudéssemos escrever para nós e para vocês. Não tínhamos grandes ambições, não queríamos ser os maiores. Era como “gerar” uma criança e vê-la crescer enfrentando os desafios e preocupações de uma infância difícil.

capa revista pushstar

A Revista PUSHSTART nasceu em formato digital, horizontal, com foco em videogames retrô, mas também abordávamos jogos atuais, hardware, opiniões, e outros temas. Escrevíamos sobre o que queríamos, sem nos preocuparmos se os leitores iriam gostar ou não. Criamos PDFs gratuitos para ler no monitor, tablet ou celular. A revista foi crescendo, conseguimos grandes parceiros, recebemos jogos e diversos materiais. Ao longo dos anos, fomos evoluindo aos nossos olhos.

Era um projeto sem fins lucrativos, nunca ganhamos nada com ele! O lucro estava na satisfação pessoal e no sentimento de realização do objetivo que nos propusemos. As críticas construtivas mexiam conosco, mas as outras simplesmente ignorávamos. Nem todas, é verdade, algumas se transformaram em fantasmas que ainda nos assombram. Faz parte da vida! Dizer que tudo foi perfeito seria mentira.

Com o crescimento natural do projeto, decidimos dar um grande passo e lançar uma versão física da revista, algo que poucos se arriscaram a fazer. Papel! Ah, o cheirinho de uma revista nova. Olhando para trás, não temos palavras para descrever o que sentimos quando recebemos a primeira edição impressa, na Itália, com destaque para o Commodore Amiga, com uma capa clássica linda e papel de alta qualidade. A tiragem era modesta, com apenas três dígitos, algo amador para os desatentos, mas com grande demanda nos primeiros dias. Foi um esforço tremendo, principalmente para aqueles que sabem o quão difícil é fazer tudo sem lucro, apenas por amor. O desafio era cumprir prazos para ter as edições prontas, enquanto todos nós trabalhávamos ou estudávamos. Enviar revistas de norte a sul do país e até mesmo para as ilhas, com poucas horas disponíveis para despachar as encomendas, foi uma logística imensa, tudo para satisfazer os que nos acompanhavam e apoiavam. E sim, todos os rendimentos obtidos com a venda das revistas eram usados para financiar a próxima edição.

Agora, dez anos após nossa primeira reunião, informamos que estamos fechando as portas. Estamos cansados e tristes, mas com a convicção de que cumprimos nosso objetivo, o que nos deixa extremamente satisfeitos.

A pergunta que sempre surge é: por que estamos encerrando? Por que não continuar produzindo conteúdo? A verdade é que não temos uma resposta direta. São vários fatores que contribuíram. A logística era enorme. Com uma equipe dispersa pelo país, imagine enviar 300 revistas pelos correios, lidar com estoques, atrasos, revistas amassadas, prazos para fechar a edição, diagramação, revisão de textos, tudo isso enquanto trabalhávamos, estudávamos e cuidávamos de nossas vidas pessoais. Além disso, a comunidade também foi um fator complexo. Conviver com trolls não é fácil, mas muitas vezes foram eles que nos deram forças para continuar. Nesse aspecto, somos gratos, pois é durante a tempestade que mostramos nossa força e resiliência.

No entanto, tudo na vida tem um fim! Após dez anos de jornada, chegamos ao fim. Recolhemos as velas, aportamos em terra firme e seguimos nossas vidas. Temos orgulho das dez edições em formato físico, que serão lembranças preciosas. Decidimos continuar publicando no nosso site os textos que antes eram exclusivos da revista física.

Queremos agradecer a todos que cruzaram nosso caminho nessa jornada, em especial aos nossos leitores ávidos e aos parceiros que enviaram jogos e equipamentos para testarmos. A todos que nos ajudaram a seguir em frente, nosso sincero obrigado!

O futuro está cheio de sonhos, mas agora vamos caminhar como pais e avós, orgulhosos de mostrar às novas gerações o mundo dos videogames do nosso tempo. Desligamos o console, mas não podemos esquecer dos muitos “Push Starts” que nos esperam pela frente. Devemos aproveitá-los ao máximo!